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14/07/2012

(Lucas 12.13-21)-JESUS E AS RIQUEZAS

Continuando a refletir acerca das riquezas e da relação de Cristo com o tema, analisaremos o texto de Lucas,narrando o encontro de Jesus com um homem interessado em sua intercessão a fim de que seu irmão lhe repartisse a herança.

Um pedido incompatível com a missão de Cristo

Em diversos momentos,enquanto as multidões seguiam a Cristo,muitos foram os pedidos e súplicas dirigidas ao Mestre de Nazaré.Os filhos de Zebedeu,por exemplo,Tiago e João,apóstolos de Jesus, lhes dirigiram um pedido egoísta, que desprezava o ensino de Jesus sobre o serviço ao próximo como parte integrante do chamado cristão (Mc.10.44). Os dois irmãos pediram a Jesus que lhes fosse concedido assentar-se ao lado do Mestre ,quando este fosse glorificado (Mc.10.37). O pedido logo foi recusado por Cristo dizendo que uma intimidade maior com Ele é destinada àqueles que estão dispostos a padecer por Ele aquilo que Ele padeceu ao Pai por nós (Mc.10.39).

Outros pedidos foram negados por Cristo,como no caso dos fariseus e saduceus que,tentando o Mestre,pediram sinais que evidenciassem aquilo que Ele dizia(Mt.16.1).A recusa de Jesus logo se fez ouvir naquela situação armada contra Ele(Mt.16.4).

No texto de Lucas,vemos,nos vers.13 e 14,um pedido muito incomum se levado em consideração aquilo que era o compromisso de Jesus em seu ministério. Aquilo que Jesus realizava em seu ministério,em suas ministrações,e que ensinou aos seus discípulos é descrito em Mt.10.8,onde compreendemos que aquilo que era realizado por Ele incluía a manifestação do Reino espiritual na esfera do natural,capaz de levar o homem à comunhão com Deus.Eram demonstrações do Espírito com poder tomando por base o ensino sistemático da doutrina de Deus, a pregação expositiva da Palavra e,confirmando a Mensagem, os sinais através de curas, milagres, prodígios,maravilhas (Mt.4.23).

O pedido dirigido ao Mestre,a fim de que intercedesse na partilha dos bens de uma herança,sendo incompatível com a natureza daquilo que Cristo realizava em seu ministério, foi negado por ele.Mostrando que,embora exercesse muita influência aos seus contemporâneos,Cristo não tinha nenhuma intençaõ em tornar-se representante político de seus seguidores,seu objetivo era simplesmente ser o representante espiritual, daqueles que o recebiam,diante do Pai,uma vez que Seu Reino não é desta terra(Jo.18.36).

Quando Jesus nega o pedido daquele homem,mostra-nos que,embora a atitude estivesse correta [buscar a Deus] o motivo,porém,estava errado [a resolução de problemas financeiros] estava errado.Como hoje,muitos são aqueles que estão agindo como aquele homem,tomam a atitude de buscara a Cristo,mas,o objetivo nada tem a ver com a Salvação ou a Eternidade,seus objetivos tem sido a resolução de questões temporais,meramente humanas.Neste momento,onde os nossos apelos não se unem àquilo que é o objetivo de Jesus,logo temos nossos pedidos negados, reprovados pelo Mestre(Tg.4.3).

A parábola do Rico insensato

Ao negar o pedido daquele homem que lhe rogou uma solução para seu litígio, Cristo para um discurso,em forma de parábola, explicando o porquê de sua negativa.

A partir do vers.16,no início da Parábola,vemos Jesus descrevendo alguém que possuía riquezas e que se via num dilema diante de uma propriedade que havia produzido em excesso.O produtor,não dispondo de um local para recolher sua produção excedente,logo decidiu derrubar seus celeiros,para que construísse maiores.A lógica seguida pelo produtor ,numa primeira análise,não se encontra nem um pouco errada,mas, uma análise cuidadosa, a fundo do caso,mostrará os erros nos quais o homem incorreu.Primeiramente,não devemos desprezar aquilo que a Lei de Moisés determinava àqueles que possuíam em abundância.Em Dt.18.7-8,a Lei era clara quanto aos deveres daqueles que possuíam bastante em Israel,afirmando que estes deveriam suprir as necessidades de seus irmãos que nada possuíam,não desprezando o amparo aos israelitas que não desfrutavam daquilo que os demais.

Na contramão do mandamento,o rico narrado em Lucas,decidiu fechar seu coração para o mandamento e recolher toda sua produção para si mesmo,desprezando uma finalidade determinada pela Escritura,tão somente para satisfazer sua alma(v.19).Novamente Cristo não combate os ricos,pelo simples fato de serem ricos,mas, por tornar algo carnal e corruptível objeto de excessivo cuidado,sendo tratado como objeto de culto.Cristo deixa claro o motivo que levou aquele homem a destruir seus celeiros e construir maiores e era justamente para satisfazer sua auto suficiência egoísta.O propósito daquele homem era manter toda sua produção estocada a fim de que sua alma se alegrasse naquilo, para que seu ego se mantivesse nutrido por possuir condições de se manter daquilo por muitos anos em descanso e sem preocupações, apenas se alegrando dos benefícios daquela colheita(v.19).

Esta noite te pedirão a tua Alma

Ao final da parábola proposta aos seus ouvintes,Cristo,como sempre,aponta para a questão espiritual e a iminência do julgamento divino.Enquanto que,na parábola, o rico fazia projetos e tinha plano0s que satisfariam sua carne,a sujeição às Leis de Deus eram incertas em sua vida,faziam-se os planos,mas, esquecia-se que a  resposta final pertence ao SENHOR (Pv.16.1).Esse conceito de sujeitar-se a Deus ficou claro após a Ressurreição,os crentes passaram a compreender que suas vidas eram condicionadas à vontade de Deus,e Ele nos direcionará conforme seu intento a cada um(Tg.4.14-15).

Jesus,que veio restaurar a visão dos cegos (Lc.4.13),a cada momento que trata do assunto dos bens e das riquezas materiais,passa o ensinamento que aqueles que tem como objetivo de vida apenas e tão somente o acúmulo de bens,o cuidado excessivo por riquezas temporais,estão perdendo tempo em algo que,ao seu espírito,não trará benefícios.A cada discurso,Cristo mostra que o serviço de acumular riquezas é vão e inútil,uma vez que aquele que consegue tal intento,não o terá eternamente,outro desfrutará daquilo que ele acumulou(Sl.39.6).

Mais uma vez Cristo mostra que todo o fruto do nosso trabalho humano não será gozado por nós na eternidade.Tudo o que realizamos,todo o nosso legado,todos os bens,serão objeto de gozo àqueles que nos sucederem (Ec.2.21).Evidenciando a fragilidade de uma vida dedicada aos cuidados excessivos dos bens que possui,Cristo mostra algo no qual é legítimo buscar,um propósito que realmente é útil ao homem buscar - a eternidade.A Palavra,então,nos exorta a ter cuidado com o nosso próprio pensamento,ter cuidado com aquilo que temos almejado no nosso coração(Pv.4.23),nos levando a entender que devemos manter o nosso foco e busca naquilo que é eterno e espiritual(Cl.3.2).

Quando tratamos do tema riqueza enfatizando aquilo que Cristo falou sobre o tema,muitos são aqueles que pensam que enfatizamos a miséria ou amarração financeira.Não é nada disso.Na realidade,aquilo que aprendemos,através das Palavras de Cristo,é que o perigo é quando colocamos de forma prioritária, no mesmo plano da família,ou da própria salvação,a busca pelos bens e riquezas. Cristo,como dissemos,não condena o rico,simplesmente por ser rico, mas, seu apego ao que possui,que pode o afastar,ou mesmo tirar o foco de Cristo em sua vida.Quando priorizamos qualquer coisa que não seja o Reino de Deus,estamos debaixo de condenação,saindo do plano original de Deus a nós,a saber,a salvação.

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