Atualmente, muitos são aqueles que acreditam que o indivíduo que segue uma crença religiosa, seja ela qual for, tem uma conduta melhor em relação àqueles que não seguem ou frequentam alguma religião ativamente. Muito embora todos nós sigamos regras morais em nossas vidas, de acordo com aquilo que julgamos certo e errado, aceitável ou não, aquele que professam uma fé geralmente são mais bem vistos em relação àquele que não toma por base de suas condutas uma doutrina religiosa, mas será que o simples fato de declarar uma fé, seja ela qual for, torna a pessoa digna de maior confiança, mais ética, mais sociável, amorosa ou caridosa realmente?
De uma forma geral, temos por hábito acreditar que aqueles que mantém uma fé ativa, pratica uma religião, tende a exercer algumas virtudes morais mais facilmente em relação àqueles que não são tão dedicados a isto. Por conter um discurso regenerador na maioria das religiões, que visam tornar o indivíduo um ser melhor que antes, espera-se que ao exercer a fé seguindo uma doutrinação de cunho espiritual a pessoa seja mais sensível a questões que envolvam o sofrimento dos outros, ou seja mais ativo na tentativa de desfazer conflitos, melhorar relações fragilizadas, ou simplesmente seja um filho(a) melhor, um funcionário mais consciente de suas responsabilidades, um pai mais presente... Infelizmente, porém, nem sempre é que vemos. Se a proposta da religião seria justamente, ao conectar o homem ao lado espiritual, torná-lo alguém melhor e consequentemente mudar seu trato nas relações humanas e na conduta individual, nos deparamos com um grave problema quando isso (muitas vezes) acontece. Mas por quê não seria regenerado visto estar num local que prega essas mudanças? Eis algumas possíveis razões:
1-Instrumentalização da religião como forma de mudança material: Com um discurso excessivamente voltado para uma mudança social na vida da pessoa, em detrimento de uma mudança espiritual, o foco em muitas conversões se torna ascender socialmente, ou seja, melhorar de vida através da elevação financeira. Essa tem sido uma estratégia muito bem sucedida em muitas igrejas pois atinge um número significativo de pessoas, principalmente considerando nossa realidade extremamente desigual na nossa sociedade. Com este discurso, a lógica mundana de aceitação pelo que a pessoa possui fica muito evidente, pois, se a pessoa 'melhorou de vida' ao entrar em determinada igreja, isto logo é interpretado como um milagre divino, desfazendo, portanto, a necessidade de regenerar o fiel, esta ideia é abolida pois o milagre foi alcançado, e se foi alcançado isso significa que o Eterno se agradou do indivíduo.
2-Relativização da conduta pela perspectiva do fiel: Como não há a proposta de tornar o indivíduo moralmente alguém melhor, logo são utilizadas ferramentas que justifiquem sua má conduta (ou conduta não esperada) em relação a questões muito bem fundamentadas tradicionalmente na religião em questão. por exemplo, podemos citar alguém que se diz Protestante e ao mesmo tempo não vê problemas em fumar ou beber (considerando obviamente igrejas que não permitem isto, como Assembleia de Deus ou Deus é amor,por exemplo), sempre tentando justificar-se em algo que não se associa àquela fé que diz seguir.
3-Um modelo inalcançável de perfeição: Cada religião tem os seus exemplos a serem seguidos; homens e mulheres que, pela fidelidade em seguir os mandamentos, tornaram-se referencias. Quando uma pessoa da qual temos tratado vislumbra tais exemplos, logo afirma a impossibilidade de alcance de tal perfeição.Como este indivíduo busca seguir sua religião de forma superficial, não cogita a possibilidade de um esforço tal como exercido pelas grandes referencias daquela religião.
Então, ao não exercer sua fé de uma forma que busque regenerá-lo, pois visa o benefício presente e transitório, pouco importará qual religião seguir, seu foco será unicamente aquela que mais se encaixa a seus objetivos e menos ferirá seus conceitos, pré-conceitos e ideias e,obviamente, aquela que menos buscar dar diretrizes comportamentais em sua vida. Dessa forma, basta relacionar as religiões e igrejas que mais crescem com aquilo que foi dito anteriormente: Aquelas que menos interferem na vida das pessoas e tem um discurso mais objetivo no sentido de dar soluções de curto prazo para as pessoas, essas tendem a ter um crescimento e uma aceitação maior, obviamente que levando em consideração outros fatores.
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