Certamente que,no decorrer da narrativa dos Evangelhos, Jesus teve encontros que renderam preciosas lições.Eram encontros com os mais diversos tipos de pessoas,tanto ricos como pobres,influentes e até mesmo pequenos,mas,que,ao ver Jesus face a face não perderam a oportunidade de extrair dele uma palavra capaz de transformar suas vidas.A maioria daqueles que tiveram este privilégio de passar estes momentos com o Mestre obtiveram êxito e respostas que mudaram o curso de suas vidas e os conduziu a uma caminhada vitoriosa.Aqueles que usufruíram desta oportunidade e não puseram em prática aquilo que Cristo lhes aconselhou, trouxeram para si mais dúvidas e,ainda,questões que eles mesmos eram incapazes de resolver.Esta atitude destrutiva foi tomada pelo jovem rico do texto que é objeto deste estudo.
(Mateus 19.16-22)
Um encontro impactante
Não era incomum as palavras de Cristo produzirem nos ouvintes certa inquietude e até mesmo desconhecimento da natureza daquilo que era tratado pelo Mestre.Até mesmo os doze,ante as Palavras de Jesus,viam-se muitas vezes perdidos sem saber a mensagem que ele queria transmitir(Mc.9.32).As dúvidas surgiam à medida que Jesus transmitia conceitos que não faziam parte do sistema religioso e nem mesmo era aplicado pelos ouvintes.Era sabido,porém,que Jesus ensinava a todos um caminho no qual ordenanças e mandamentos não eram o meio pelo qual se alcançava salvação.Buscando saber sobre coisas espirituais e como ser aceito por Deus,surge um jovem rico sedento por respostas.
Descrito como um homem de posição em Lc.18.18,o jovem rico,como ficou conhecido,gozava de muita riqueza.Ao ler o relato deste encontro nos Evangelhos,vemos que Jesus não o repreende por sua riqueza ou posição que ocupava,embora Cristo não visse com bons olhos o acúmulo de riquezas.Embora fosse muito rico,mantinha sua religiosidade muito ativamente desde a juventude(Lc.18.21),praticando aquilo ensinado por Moisés na Lei.
Enquanto que com os publicanos a relação de Jesus era mais rígida,pois enriqueciam às custas da exploração do povo(Lc.3.12-13),com o jovem rico,a conversa foi bem moderada,o que sugere que a fonte de sua riqueza era de origem que Cristo não condenava.O problema que surgiu foi justamente quando o jovem optou por não seguir a recomendação de Cristo que,inclusive,fora feita a seu pedido(Mt.19.22).
A certeza da miséria na alma
Quando busca o Mestre,o jovem foi movido pela dúvida acerca da salvação eterna.Esta dúvida não é privilégio deste,sendo componente na alma de todos os homens,conforme Ec.3.11,onde lemos:"Deus pôs a eternidade no coração do homem".Então,a questão trazida pelo rico refletia aquilo que todos os homens,grandes ou pequenos,anseiam em sua alma.Através deste exemplo, podemos entender que,por mais rico que seja,a carência na alma,a miséria na alma pelas coisas espirituais não deixam de fazer parte da vida de todos nós.Jesus,ao respondê-lo,mostra-lhe que ainda faltava algo que o tronasse apto ao Reino de Deus.Quando lhe fala,mostra que mesmo sendo muito religioso ainda faltava algo.A resposta dada em Mateus 19.21,tinha como pano de fundo duas questões fundamentais:
(a)Cumprir o mandamento:Ao responder desta forma ao jovem,Cristo queria mostrá-lo que a Lei a quem ele afirmava ser fiel e cumprir 'desde a juventude' estava sendo negligenciada no amparo ao próximo.Sendo rico, tinha responsabilidade para com os pobres da terra.Eles deveriam ser supridos nas suas necessidades(Dt.15.7-8);
(b)Priorizar a Deus: Quando manda que dê sua fortuna aos pobres,Cristo quer saber qual é a prioridade daquele que lhe falava.Queria saber se ansiava as coisas espirituais como dizia ou se ainda estava voltado para aquilo que possuía.
Só uma coisa te falta
Depois de confessar que cumpria a Lei e obedecia aquilo que os profetas ensinaram,logo veio a constatação que ainda faltava algo ao jovem rico.Enquanto que no relato de Mateus é o jovem que pergunta a Jesus o que lhe falta,em Marcos 10.21 e Lucas 18.32 é Cristo quem revela que ainda falta algo para ele ser aprovado e aceito por Deus.
A cada momento nos discursos de Jesus,ficava claro ,principalmente quando tocava no assunto da riqueza material,posições humanas,que Deus não se guia por aquilo que é aparente,por aquilo que nossos olhos avaliam de forma enganada (Gl.2.6).Sob o olhar carnal e humano,havia na vida daquele jovem a bênção de Deus,ao olhar para aquilo que possuía,muitos eram aqueles que julgavam que aquele jovem rico era muito abençoado por Deus.Pensando dessa forma,muitos eram enganados desconhecendo que as aparências ou até mesmo posições ocupadas pelos homens para nada prestam no julgamento divino(Ef.6.9).
Como hoje,muitos erma confundidos imaginando que os que tal posição ocupam, aqueles que têm o melhor desta terra a seu dispor,são portadores da bênção divina.Analisando o espírito daquele jovem,Cristo viu e notou a miséria espiritual na qual aquele jazia.A despeito de uma análise humana e carnal,Jesus percebeu que aquele jovem não possuía temor a Deus suficiente a ponto de abrir mão de tudo por amor a Ele.A falta de temor o levou a não possuir desprendimento de todas as coisas por amor ao Reino (Sl.34.9).Contemplando todo o interior da alma daquele jovem,Cristo viu aquilo que todos desconheciam.Julgando de forma carnal,não notaram a miséria daquele que,aparentemente,era portador da bênção divina(Lc.16.15).
Após analisar a breve conversa entre Cristo e o 'jovem rico',ficaram bem esclarecidas as Palavras de Cristo em Lucas 12.15: "E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui",evidenciando que as nossas avaliações não refletem aquilo que é a realidade espiritual daqueles que julgamos bem-sucedidos,'influentes',grandes.Lendo os textos e refletindo, notamos que, ainda que venhamos a possuir todas as coisas da terra,se não tivermos sobre nós o selo,a marca de Cristo,seremos os mais miseráveis(Mt.16.26).