A vida, tal como fomos ensinados desde o nascimento, somente faz sentido à medida que estamos inseridos em hábitos de consumo? No decorrer da vida somos medidos conforme conquistas patrimoniais são obtidas por nós, ainda que grande parte de carros e casas ostentados pela maioria sejam, na realidade, patrimônio de bancos e financeiras que detém o imóvel no caso do não pagamento das parcelas. Somos ensinados que um patrimônio criado de forma artificial, no qual sacrifica recursos financeiros durante longo prazo com taxas de juros, é um modelo aceitável de medição de sucesso ou fracasso na vida de uma pessoa. Ao expandir essa análise, torna-se pior ainda quando aplicado o fator idade às contas apresentadas pelos gurus financeiros; chegar, por exemplo, aos 30 anos sem um automóvel seria uma confissão de fracasso ao homem médio brasileiro ou, no caso das mulheres, chegar aos 30 sem um filho ou sem estar casada, seria o fim do mundo... Nossa vida é medida por padrões injustificáveis criados para favorecer um ambiente de consumo.
Ninguém nega o fato de que o consumo gera, em certa medida, a possibilidade de maior qualidade de vida ao indivíduo, mas, a expansão das possibilidades de consumo a produtos de necessidade questionável é preocupante pois cria hábitos na sociedade e na vida das pessoas que não se justifica na vida cotidiana. Um dos princípios seguidos por muitas empresas é antecipar-se nas inovações criando necessidades de consumo. Note que não se trata de atender a uma necessidade de mercado, mas, criar nas pessoas a necessidade sobre algum produto ou serviço que, até então, não existia ou cuja existência não era demandada pelas pessoas. O fato é que, ao apresentar um estilo de vida baseado apenas e tão somente na capacidade do indivíduo em conquistas patrimoniais, a sociedade não se dedica a uma vida baseada em experiencias que tornem a existência humana algo inesquecível e apaixonadamente única!
Obviamente é necessário manter projetos de vida que incluam casa, automóvel, etc. principalmente considerando os altos e baixos nos quais estamos expostos aqui no Brasil, porém, o foco principal da existência humana deve estar em contemplar a beleza do universo através de experiencias que enriqueçam nossa alma, visto que o patrimônio atende a nossa carne apenas.
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