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26/02/2013

A GLÓRIA DO REI




O REI EM SUA GLÓRIA

(MT 17:1-13) De acordo com Mateus e Marcos, a transfiguração aconteceu "seis dias depois", enquanto Lucas diz "cerca de oito dias depois" (Lc 9:28). Não há contradição, uma vez que o relato de Lucas é o equivalente judeu a "cerca de uma semana depois". Durante essa semana, os discípulos devem ter discutido o significado das declarações de Jesus sobre sua morte e ressurreição. Por certo, também estavam se perguntando o que aconteceria com as profecias do Antigo Testamento a respeito do reino. Se Jesus pretendia construir uma Igreja, o que aconteceria com o reino prometido? O texto não diz o nome do lugar em que esse milagre ocorreu, mas é provável que tenha sido no monte Hermom, perto de Cesaréia de Filipe. A transfiguração revelou quatro aspectos da glória de Jesus Cristo o Rei.A glória de sua Pessoa. Tanto quanto sabemos pelos relatos bíblicos, essa foi a única vez que Jesus revelou sua glória de tal forma durante seu ministério aqui na Terra. A palavra traduzida por transfiguração dá origem a nosso termo "metamorfose", que significa uma mudança exterior provinda de uma transformação interior. Quando uma lagarta constrói um casulo e depois sai dedentro dele na forma de uma borboleta, deuse um processo de metamorfose. A glória de nosso Senhor não refletiu algo exterior, mas sim, irradiou algo interior. Houve umamudança exterior que veio de dentro de Jesus
e fez com que sua glória essencial resplandecesse (Hb 1:3). Por certo, esse acontecimento serviria para fortalecer a fé dos discípulos, especialmente de Pedro, o qual havia confessado pouco tempo antes que Jesus era o Filho de Deus. Sua confissão de fé não teria sido tão significativa se ele a tivesse feito depois da transfiguração. Pedro creu, confessou sua fé e recebeu confirmação (ver lo 11 :40; Hb
11 :6). Muitos anos depois, João relembrou este acontecimento quando o Espírito o inspirou a escrever: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai" 001 :14). Em seu Evangelho, João enfatiza a divindade de Cristo e a glória de sua pessoa (Jo 2:11; 7:39; 11 :4; 12:23; 13:31, 32; 20:31).Quando veio à Terra, Jesus Cristo deixou de lado sua glória (17:5). Por causa de sua obra consumada na cruz, recebeu de volta sua glória, que hoje compartilha conosco (17:22,24). No entanto, não precisamos esperar pelo céu para participar dessa "glória da transfiguração". Quando nos entregamos a Deus, ele "transfigura" nossa mente (Rm 12:1, 2). Ao nos sujeitarmos ao Espírito de Deus, ele nos transforma (transfigura) "de glória em glória" (2 Co 3: 18). Ao examinarmos a Palavra de Deus, vemos o Filho de Deus e somos transfigurados pelo Espírito de Deus na glória de Deus. A glória de seu reino. No encerramento de seu sermão sobre tomar a cruz, Jesus prometeu que alguns de seus discípulos veriam
"o Filho do Homem no seu reino" (Mt 16:28). Selecionou Pedro, Tiago e João para testemunhar esse acontecimento. Esses três amigos e sócios (Lc 5:10) haviam acompanhado Jesus à casa de Jairo (Lc 8:51) e, posteriormente, estariam com ele no jardim do Getsêmani, antes da crucificação (ver Mt 26:37).G. Campbell Morgan chama a atenção para o fato de que, nessas três ocasiões, o assunto principal foi a morte. Jesus estava ensinando a estes três homens que ele é vitorioso sobre a morte (ressuscitou a filha deJairo) e se entregou à morte (no jardim). A transfiguração ensinou que ele foi glorificado na morte. A presença de Moisés e de Elias foi significativa, pois Moisés representava a lei e Elias os Profetas. Toda a lei e os Profetas apontam para Cristo e se cumprem em Cristo (Lc 24:27; Hb 1:1). Nenhuma palavra do Antigo Testamento deixará de ser cumprida. O reino prometido será estabelecido (lc 1:32, 33, 68-77). Assim como esses três discípulos viram Jesus glorificado na Terra, também o povo de Deus o veria em seu reino glorioso na Terra (Ap 19:11 - 20:6).Pedro aprendeu essa lição e nunca mais a esqueceu. "Nós mesmos fomos testemunhas oculares da sua majestade [...] Temos,
assim, tanto mais confirmada a palavra profética" (ver 2 Pe 1:12ss). A experiência de Pedro no monte apenas fortaleceu sua fé nas profecias do Antigo Testamento. O mais importante não é testemunhar grandes feitos e prodígios, mas ouvir a Palavra de Deus. "Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi" (Mt 17:5). Todos os que são nascidos de novo pertencem ao reino de Deus ( 3:3-5). Trata-se de um reino espiritual, separado das coisas materiais deste mundo (Rm 14:17). Mas um dia, quando Jesus voltar, haverá um reino glorioso por mil anos (Ap 20: 1-7), com Jesus Cristo governando como Rei. Os que crerem nele reinarão com ele na Terra (Ap 5:10).A glória de sua cruz. Os discípulos precisavam aprender que o sofrimento e a glória andam juntos. Pedro não queria que Jesus fosse a Jerusalém para morrer, de modo que Jesus teve de ensinar-lhe que, sem seu sofrimento e morte, não haveria glória. Sem dúvida,  Pedro aprendeu a lição, pois em sua primeira epístola enfatiza repetidamente o sofrimento e a glória (1 Pe 1:6-8,11; 4:12 5:11 ).
Moisés e Elias conversaram com Jesus.Seu sofrimento e morte não seriam um acidente, mas uma conquista. Pedro usa a palavra partida ao descrever sua morte iminente (2 Pe 1:15). Para o cristão, a morte não é uma estrada de mão única para o esquecimento. Antes, é uma partida, um êxodo, a libertação da escravidão desta vida para a gloriosa liberdade da vida no céu. Pelo fato de Cristo ter morrido e pago o preço, pudemos ser redimidos: comprados e libertados. Os dois discípulos de Emaús esperavam que Jesus libertasse a nação da escravidão romana (Lc 24:21). Jesus não morreu para oferecer liberdade política, mas sim para conceder liberdade espiritual: fomos libertos do sistema do mundo (Gl :4), de uma vida fútil e sem propósito (1 Pe 1:18) e da iniqüidade (Tt 2:14). Nossa redenção em Cristo é decisiva e definitiva.A glória de sua submissão. Pedro não conseguia entender por que o Filho de Deus se sujeitaria a homens perversos e sofreria voluntariamente. Deus usou a transfiguração para ensinar a Pedro que Jesus é glorificado quando negamos a nós mesmos, tomamos nossa cruz e o seguimos. A filosofia do mundo é: "salve sua vida!", mas a filosofia cristã é: "entregue sua vida a Deus!" Ao se colocar diante deles em glória, Jesus provou aos três discípulos que a entrega sempre conduz à glória. Primeiro o sofrimento, depois a glória; primeiro a cruz, depois a coroa. Cada um dos três discípulos viveria essa importante verdade. Tiago seria o primeiro dos discípulos a morrer (At 12:1, 2). João seria o último, mas enfrentaria perseguições intensas na ilha de Patmos (Ap 1:9). Pedro passaria por muitas aflições e, no final, daria sua vida por Cristo ( 21 :15-19; 2 Pe 1:12). Pedro opôs-se à cruz quando Jesus mencionou sua morte pela primeira vez (Mt 16:22ss). No jardim, usou sua espada para defender o Mestre 00 18:10). Até mesmo no monte da transfiguração, Pedro tentou dizer a Jesus o que fazer, pois queria construir ali três tendas, uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias, para que todos permanecessem ali e desfrutassem a glória! Mas o Pai interrompeu a Pedro e deu permite que seu Filho amado seja colocado no mesmo nível que Moisés e Elias. A ninguém [...] senão Jesus", esse é o padrão de Deus (Mt 17:8). Enquanto descia o monte com seus três discípulos, Jesus advertiu-os a não revelar o que haviam visto, nem mesmo aos outros discípulos. Mas os três homens ainda estavam perplexos. Haviam aprendido que Elias viria primeiro em preparação para a fundação do reino. A presença de Elias no monte seria o cumprimento dessa profecia? (MI 4:5, 6). Jesus responde a essa pergunta de duas maneiras. Sim, Elias viria conforme profetizado em Malaquias 4:5, 6, mas, em termos espirituais, Elias já havia vindo na pessoa de João Batista (ver Mt 11:10-15; Lc 1:17). A nação permitiu que João fosse executado e pediria que Jesus fosse morto. Apesar de tudo o que os líderes perversos fariam, Deus realizaria seu plano. Quando se dará a vinda de Elias para restaurar todas as coisas? Alguns acreditam que Elias virá como uma das "duas testemunhas", cujo ministério é descrito em Apocalipse 11. Outros acreditam que a profecia foi cumprida no ministério de João Batista e, dessa forma, Elias não virá outra vez.

Extraído de: Wiersbe Comentário Bíblico pp.78-79.

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